DestaquePolícia

Polícia prende médico suspeito de causar morte de 42 pacientes, que fazia atendimento em Caçapava, Jacareí em Queluz, SP

 Foto: Reprodução

Preso nesta quinta-feira (14) no hospital da Fusam em Caçapava (SP), o médico João Batista do Couto Neto, suspeito de causar a morte de 42 pacientes e lesões em outros 114 em Novo Hamburgo (RS), realizava atendimentos no local há mais de um mês.

Além de Caçapava, o sistema do DataSUS aponta que Couto tinha vínculo ativo em outras cinco cidades de São Paulo e duas no Rio Grande do Sul – veja mais abaixo. O profissional não estava impedido de atuar e tinha registro ativo nos conselhos de medicina.

Segundo a Fundação de Saúde e Assistência do Município de Caçapava (Fusam), o profissional atuava no hospital desde 8 de novembro e não há registro de nenhum problema com os pacientes.

A unidade afirma que ele prestava serviços no hospital por meio de um contrato com a empresa Archangelo Clínica Médica e que não tinha vínculo com a Fusam.

O hospital informou também que o médico atuava estritamente no pronto-socorro e em visitas na Clínica Médica.

A Fusam ainda explicou que “na certidão de antecedentes criminais e no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, nada consta que desabone a conduta do profissional” e que está à disposição da Justiça.

A reportagem solicitou à Fusam o número de atendimentos realizados pelo médico no hospital, mas não teve retorno até a última atualização da reportagem.

A empresa Archangelo Clínica Médica informou na tarde desta sexta-feira (15) que “foi surpreendida com a notícia de que o médico João Batista do Couto Neto foi alvo de operação policial que resultou em sua prisão no local de trabalho”.

Ainda segundo a clínica, “o médico já atuava na FUSAM desde o mês de outubro de 2023, não havendo nenhuma reclamação acerca do médico por parte da Fundação, ou qualquer impedimento perante o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, o que viabilizou sua incorporação no quadro dos médicos desta empresa, para a continuidade na prestação dos serviços no local”.

Por fim, a clínica disse que “a substituição do profissional do quadro médico já foi efetivada, e seu desligamento em virtude do ocorrido, já está sendo analisado pela administração e jurídico da empresa”.

Atendimentos em outras cidades

Além de Caçapava, o médico João Batista do Couto Neto consta com vínculo ativo em outras cinco cidades de São Paulo e duas no Rio Grande do Sul, conforme o sistema do DataSUS, órgão de informações do Sistema Único de Saúde do Brasil.

No Vale do Paraíba, os atendimentos aconteceram também em Jacareí e Queluz. Em Jacareí, o profissional atendeu na Santa Casa e na UBS do Parque Meia Lua.

A prefeitura da cidade explicou que o médico tinha todas as credenciais que permitiam exercer o ofício e nenhuma pendência criminal no momento da contratação.

Ainda segundo a prefeitura, Couto foi dispensado quando a gestão teve ciência das acusações. Ele fez apenas um plantão no município.

Em Queluz, os trabalhos foram prestados no hospital municipal da cidade. Ao g1, a prefeitura explicou que Couto fez apenas um plantão de 12h na cidade e não houve registro de reclamações.

A administração disse que ele foi indicado por um outro profissional para assumir o plantão após um imprevisto.

Prisão em Caçapava

O advogado do médico, Brunno de Lia Pires, informou que a prisão é “absurda e imotivada” e que vai entrar com pedido de habeas corpus.

“Com surpresa a defesa recebeu a notícia da decretação da prisão preventiva do médico João Couto Neto. A decisão não se reveste de qualquer fundamento fático ou jurídico e constitui clara antecipação de pena, com a finalidade de coagir e constranger o médico. Impetraremos ordem de habeas corpus o mais breve possivel para fazer cessar a absurda e imotivada prisão”, disse o advogado Pires na nota.

Couto é suspeito de ter causado a morte de 42 pacientes devido a procedimentos cirúrgicos e provocado lesões em outros 114. Pacientes e pessoas que trabalharam com ele relataram excesso de cirurgias por dia, procedimentos desnecessários e até diagnóstico de câncer raro falso.

O médico foi alvo de uma operação policial em dezembro do ano passado, ocasião em que foram cumpridos mandados de busca e apreensão no hospital em que atuava, localizado em Novo Hamburgo, bem como no apartamento em que vivia na cidade.

Na época, havia suspeita de envolvimento dele na morte de cinco pacientes e ainda por ter causado sequelas em outros nove. Documentos, celulares e equipamentos de informática foram apreendidos.

 Foto: Reprodução

Por g1