Prefeitura de SP começa a interditar ruas da Cracolândia para demolir imóveis
A Prefeitura de São Paulo começou a interditar na manhã desta sexta-feira (18) algumas ruas da Cracolândia com a colocação de tapumes para demolição de imóveis na Alameda Dino Bueno e no Largo Coração de Jesus, no Centro da capital paulista. Não houve registro de tumultos.
A maioria dos imóveis já estava desocupado e os inquilinos dos que ainda estavam ocupados foram notificados com antecedência, já que as negociações ocorriam há três anos. No entanto, o fluxo de usuários acabou se espalhando pelas ruas do Centro. Uma parte dos dependentes ficou concentrada em frente a estação ferroviária Júlio Prestes. Agentes da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana acompanharam a ação.
A instalação dos tapumes começou na esquina da Alameda Dino Bueno com a Rua Helvética onde há um grande fluxo de usuários de drogas concentrados. A Alameda Barão de Piracicaba com o Largo Coração de Jesus também será bloqueada. O local é uma Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) e o Plano Diretor contempla a revitalização urbanística com a regularização e produção de habitações.
“Não está sendo feito nenhuma emissão na posse de maneira forçada, apenas imóveis desocupados ou que os proprietários e inquilinos estão entregando os imóveis de maneira amigável”, disse César Chain, advogado dos proprietários dos imóveis.
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As ruas que formam uma quadra serão interditadas para que, nos próximos 60 dias, ocorra a demolição. As obras fazem parte da Parceria Público-Privada (PPP) Estadual da Habitação, que prevê a construção de mais de 700 unidades habitacionais e revitalizar a região. Ainda não há prazo para a entrega das unidades.
O comerciante Nel Saad, que tem um restaurante na região há 35 anos, também foi desapropriado e reclama de descaso do poder público.
“Se não fosse o imóvel, a gente ia sair desempregado porque a prefeitura não colocou a gente dentro do projeto deles, colocou só os moradores e a gente que vem sofrendo com a desapropriação e esse negócio dos usuários de drogas, o sofrimento da gente aqui é grande.”
Uma decisão liminar da Justiça concedida há 2 semanas impedia a demolição dos imóveis de 44 imóveis nas duas quadras com a argumentação de que a intervenção urbana não informava a destinação dos dependentes químicos que ficam na região. No entanto, a decisão foi derrubada em 10 de dezembro.
As unidades habitacionais serão destinadas a famílias de baixa renda que residiam no local e foram cadastradas pela Secretaria Municipal de Habitação em 2017.
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