MPRJ denuncia Dr. Jairinho e Monique Medeiros pela morte de Henry Borel
Menino de 4 anos foi morto na madrugada do dia 8 de março, com mais de 20 lesões por ação violenta, segunda a polícia. MPRJ pediu prisão preventiva do casal, que responderá por homicídio, entre outros crimes.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou, na manhã desta quinta-feira (6), o vereador Dr. Jairinho (sem partido) e Monique Medeiros pela morte do menino Henry Borel, de 4 anos. O crime aconteceu em 8 de março deste ano. O órgão pediu ainda a conversão da prisão temporária do casal em preventiva.
Segundo o promotor Marcos Kac, que assina a denúncia, Jairinho e Monique tentaram intimidar e cercear testemunhas, direcionar depoimentos e embaraçar as investigações.
De acordo com as investigações, o menino morreu por conta de agressões do padrasto e pela omissão da mãe. Uma reconstituição feita pela polícia aponta 23 lesões por ‘ação violenta’ no dia da morte.
A defesa de Jairinho disse que só vai se manifestar após tomar ciência da denúncia. Já os advogados de Monique ainda não deram retorno.
Jairinho foi denunciado por:
- homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, tortura e impossibilidade de defesa da vítima), com aumento de pena por se tratar de menor de 14 anos
- tortura
- coação de testemunha
Monique Medeiros foi denunciada por:
- homicídio triplamente qualificado na forma omissiva imprópria, com aumento de pena por se tratar de menor de 14 anos
- tortura omissiva
- falsidade ideológica
- coação de testemunha
O promotor sustenta que o homicídio foi cometido por motivo torpe, por Jairinho acreditar que Henry atrapalhava sua relação com Monique. E que o menino sequer teve chance de se defender.
O que diz a denúncia
- o crime de homicídio foi cometido por motivo torpe, por Jairinho acreditar que Henry atrapalhava a sua relação com Monique;
- Henry não teve a teve a menor chance de escapar das agressões, por conta da sua idade e pela “superioridade de força com que foi surpreendido”;
- o crime foi executado com meio cruel, causando intenso sofrimento físico ao menino;
- as múltiplas lesões de Henry mostram “uma brutalidade fora do comum e em contraste com o mais elementar sentimento de piedade”.
Conclusão do inquérito
A polícia concluiu o inquérito menos de dois meses depois da morte de Henry.
Segundo a investigação, Monique manteve a relação com Dr. Jairinho apesar de todos os sinais de agressão contra Henry — e por isso a mãe teria contribuído para a morte do filho, já que não afastou o menino do vereador.
O político também foi indiciado por outros dois episódios de tortura contra Henry em fevereiro.
Num deles, dia 12 de fevereiro, a própria criança e a babá Thayná Oliveira relataram essas agressões numa ligação por telefone para Monique, que estava num salão de beleza. Por causa disso, a mãe está respondendo por tortura por omissão.
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Relembre o caso
- Henry estava no apartamento onde a mãe morava com o vereador Dr. Jairinho, na Barra da Tijuca, e foi levado por eles ao hospital, onde chegou já sem vida na madrugada de 8 de março;
- O casal alegou que o menino sofreu um acidente em casa e que estava “desacordado e com os olhos revirados e sem respirar” quando o encontraram no quarto;
- Mas os laudos da necropsia de Henry e da reconstituição no apartamento do casal afastam essa hipótese;
- O documento informa que a causa da morte foi hemorragia interna e laceração hepática [no fígado] causada por uma ação contundente [violenta].
- A polícia diz que, semanas antes de ser morto, Henry foi torturado por Jairinho. Monique sabia;
- No dia 8 de abril, Dr. Jairinho e Monique foram presos temporariamente, suspeitos de homicídio duplamente qualificado, de tentar atrapalhar as investigações e ameaçar testemunhas.
Por Arthur Guimarães, Leslie Leitão e Marco Antônio Martins