Escolas indígenas de Ubatuba recebem desktops, notebooks e tvs para educação tecnológica

De acordo com a Secretaria da Educação do Estado de SP (Seduc-SP), as Escolas Indígenas da Aldeia Boa Vista e Aldeia Renascer receberam 11 desktops, 16 notebooks e cinco TV’s para serem utilizadas pelos funcionários, professores e estudantes das unidades escolares. O investimento foi de R$ 18 mil por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE Paulista).
Segundo o coordenador pedagógico Cristiano Awa Kiririndju, da Aldeia Indígena Renascer, localizada no bairro Corcovado em Ubatuba, a escola EEI Penha Mitangwe Nimboea recebeu da Seduc-SP, três notebooks, cinco desktops e três televisores de 43 polegadas para auxiliar na educação e desenvolvimento das crianças atendidas pela unidade escolar.

O coordenador pontua que a escola é fruto de luta dos indígenas e lideranças locais, que buscam sempre melhorias para a aldeia. “A Escola Estadual da Aldeia Renascer se tornou possível por meio de muita luta do cacique Antônio da Silva Awa junto com outras lideranças que sempre buscaram melhorias para a comunidade, não só em relação à educação mas também em relação à saúde”, enfatiza Cristiano, que já atua há dezessete anos na educação.
É um engano comum pensar que a tecnologia pode afastar os povos nativos da própria cultura. Kiririndju esclarece essa questão. “A cultura é mais fortalecida porque isso é um meio de registrar a língua indígena, a escrita. Ajuda até mesmo a fazer com que a cultura indígena permaneça por mais tempo”.

Ele lembra também que uma parte dessa cultura já foi perdida. “Sem o uso da tecnologia já perdemos muita coisa, são histórias, cantos e contos, que se perderam no tempo. Hoje temos como registrar todas as histórias e assim agregar mais à nossa cultura. Sabendo usar, só fortalece a cultura do índio. Aqui na escola trabalhamos bilíngue com professores que falam o guarani e o tupi-guarani, então fortalecemos mais a nossa cultura”.
Além de não prejudicar, a tecnologia tem auxiliado na busca por conhecimentos e na união desses povos na busca por causas comuns. “A tecnologia atinge praticamente toda a população e não é diferente com a comunidade indígena. É uma forma da comunidade originária ficar ciente do que acontece, se estruturar, se defender, e se unir em causas comuns. A tecnologia é uma ferramenta fundamental para que as comunidades indígenas saibam o que vem acontecendo, tivemos o Marco Temporal, que é um exemplo dessa união dos povos”, pontua Kiririndju.
A Escola Estadual Indígena Penha Mitangwe Nimboea

A escola conta com um corpo docente com onze educadores (com coordenador pedagógico, administrativo e educadores), duas cozinheiras e uma faxineira. São atendidas 38 crianças a partir de três anos, no ciclo I estão os alunos da 1ª, 2ª e 3ª série, no Ciclo II o 4º, 5º e 6º ano, no Ciclo III o 7ª, 8º e 9º ano. Conta também com professores da escola regular que não são indígenas para dar aula para o Ensino Médio e EJA no período noturno.
A escola tem sala de computação, secretaria, diretoria e mais cinco salas de aula, como uma escola padrão tradicional feita toda de madeira para manter as características da comunidade. A unidade escolar tem acesso à internet de fibra.
Por Claudinéia Silva