Evento promovido pelo projeto Orgulho da Beleza Preta reúne corrida, oficinas, gastronomia afro, música e dança no Museu Major Novaes
Por Redação | Porta A Gazeta RM
Nesta quinta-feira (20), Cruzeiro está sendo palco do Festival Conexões, uma celebração ampla da cultura negra, das lutas sociais e da representatividade. Promovido pelo projeto Orgulho da Beleza Preta, o evento está sendo realizado no Museu Major Novaes, das 7h30, e se estende até as 22h, com entrada gratuita.
Segundo o organizador Bruno César, a programação é diversificada: corrida de rua, caminhada, oficinas — entre elas de bonecas Abayomi, grafite e mandala —, festival gastronômico afro-brasileiro e uma apresentação de capoeira liderada pelo mestre Beto Navalha.
A música tem papel central no festival. Entre os destaques está o PH Oliver, coralista do Afro Black, as cantoras Carol e Helena, e ainda as bandas Citrus e HT.
A partir das 14h, o evento abriu espaço para apresentações de dança charme e exibição de documentários com foco em temáticas afro e movimentos periféricos. À noite, haverá um desfile do Orgulho da Beleza Preta, seguido pelo lançamento oficial do coral Afro Black em parceria com a escola de música K-Music, sob a batuta do professor Kiko Vicente.
Bruno César ressaltou que o nome “Conexões” reflete a ideia de unir diferentes lutas sociais sob uma causa comum: gerar consciência. Segundo ele, “somente quando tivermos consciência de quem somos e de onde podemos estar, é que o mundo vai começar a ser um pouco melhor.”
Ele reforça que o evento não fala apenas sobre cultura, mas também sobre respeito e empatia: “a gente tem que se colocar no lugar do outro”. As pautas incluídas na celebração são amplas: combate à violência contra mulheres, respeito à comunidade LGBTQIA+, pessoas com deficiência, e também à violência infantil — todas questões que, segundo ele, têm forte relação com a população negra.
Como parte das atividades do projeto Orgulho da Beleza Preta, o festival fecha um ciclo de ações iniciadas em 2024, como o desfile do Orgulho da Beleza Preta, a exposição fotográfica “O Olhar para o Povo Preto” e rodas de conversa durante o mês das pretas.
Para Bruno, a discussão racial não pode ficar restrita a um único mês. “Não é só em novembro. O negro existe todos os anos, todos os meses”, afirma. Ele critica a ideia de que é suficiente “não falar mais do problema”: “não é assim. Tem que mostrar que a gente está aqui e que a gente merece respeito, dignidade, ser tratado como todos.”
Ele finaliza com uma afirmação de igualdade: “a gente não está aqui para dizer que o branco é melhor que o preto ou vice-versa. Queremos mostrar que somos iguais, que merecemos o mesmo respeito e que somos tão capazes quanto qualquer pessoa.”
O Museu Major Novaes é um espaço simbólico para a cidade de Cruzeiro: além de abrigar um acervo histórico com peças, fotografias e documentos, o museu preserva registros ligados ao período da escravidão na região e é tombado como patrimônio histórico.
Realizar o Festival Conexões ali reforça o diálogo entre memória, identidade e resistência — ligando passado e presente em um mesmo espaço.

























Fotos: Sebastião Ferraz | Portal AGV News




