Ex-diretor da Abin e deputado federal está em Miami após condenação por tentativa de golpe de Estado; suspeita é de rota fronteiriça irregular pela Guiana
Por Redação | Porta A Gazeta RM
A Polícia Federal (PF) investiga a saída clandestina do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) do Brasil em setembro de 2025, rumo aos Estados Unidos, onde ele permanece em Miami. O parlamentar, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participação em tentativa de golpe de Estado, não teria passado por postos oficiais de imigração ao deixar o país, segundo fontes ligadas ao caso.
De acordo com apurações de veículos de imprensa, Ramagem teria deixado o Brasil pela região de fronteira com a Guiana, em uma rota considerada clandestina, sem passar por fiscalização migratória oficial. A investigação indica que ele seguiu viagem até Miami, nos Estados Unidos, onde foi visto em um condomínio de luxo em North Miami.
Fontes policiais afirmam que o deputado não comunicou formalmente a sua saída ao exterior à Câmara dos Deputados, nem houve registro de passagem pelos controles migratórios brasileiros no período em que deixou o país. A Câmara, por sua vez, informou que não foi comunicada sobre qualquer missão oficial ou autorização de viagem internacional do parlamentar.
No sábado (13), a Polícia Federal prendeu em Manaus (AM) um dos suspeitos de ter auxiliado a fuga de Ramagem. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, responsável por acompanhar o caso e ordenar medidas de investigação.
A PF investiga a participação de um grupo ligado ao filho de um garimpeiro, que teria atuado na facilitação da passagem do deputado pelo território fronteiriço até chegar à Guiana antes de embarcar rumo aos Estados Unidos.
Alexandre Ramagem foi condenado em setembro de 2025 pelo STF a 16 anos, um mês e 15 dias de prisão em regime inicial fechado após julgamento relacionado à tentativa de golpe de Estado e crimes conexos, como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa armada.
Posteriormente à condenação, o ministro **Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva do parlamentar, considerando a possibilidade de fuga do país. Desde então, ele é considerado foragido da Justiça brasileira.
Além da prisão preventiva decretada pelo STF, outras medidas têm sido tomadas no âmbito institucional. Por exemplo, a Câmara dos Deputados bloqueou o pagamento do salário de Alexandre Ramagem enquanto ele permanece fora do país e sem justificar sua ausência.
O STF também pode solicitar formalmente ao governo brasileiro que encaminhe um pedido de extradição aos Estados Unidos, caso haja intenção de trazer o deputado de volta para cumprir a pena. A decisão sobre a extradição dependeria da análise das autoridades americanas.
A saída clandestina pela Guiana faz parte das linhas investigativas da Polícia Federal. Ainda não há uma confirmação definitiva se o percurso começou por Roraima cruzando a fronteira com a Venezuela ou com a Guiana, mas a hipótese mais forte vinculada à investigação aponta para o trecho fronteiriço com a Guiana como rota principal.
A PF prossegue com a análise das circunstâncias que possibilitaram a fuga e com a identificação de eventuais envolvidos na facilitação da viagem, incluindo avaliação documental, conexões logísticas e possíveis infrações associadas à saída clandestina de um parlamentar com ordem judicial de prisão.
Foto: Valter Campanato | Agência Brasil




