Daniel Munduruku e André Kondo conquistam as categorias Livro Infantil e Livro Juvenil, levando a literatura regional ao destaque nacional
Por Redação | Porta A Gazeta RM
A literatura do Vale do Paraíba voltou a ocupar posição de destaque no cenário nacional. Dois autores da região foram premiados na 67ª edição do Prêmio Jabuti, o mais tradicional reconhecimento literário do Brasil. Daniel Munduruku e André Kondo venceram em suas categorias e levaram o nome do Vale ao topo da criação literária brasileira.
A cerimônia ocorreu na segunda-feira (27), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, reunindo autores, editores e representantes do setor literário. Neste ano, o prêmio recebeu 4.530 obras inscritas de todas as regiões do país, refletindo a diversidade de temas e estilos que caracterizam a produção contemporânea brasileira.
Daniel Munduruku: sabedoria ancestral e reconhecimento histórico
O escritor Daniel Munduruku, representante do povo Munduruku e morador de Lorena (SP), venceu na categoria Livro Infantil com a obra “Estações” (Editora Moderna), escrita em parceria com a ilustradora Marilda Castanha.
O livro retrata os ciclos da vida e da natureza, integrando saberes tradicionais e valores de respeito à ancestralidade indígena. Com mais de 65 obras publicadas e formação em Filosofia, História e Psicologia, Munduruku é uma das vozes mais reconhecidas da literatura indígena no Brasil e no exterior.
Esta é sua terceira conquista no Prêmio Jabuti — ele já havia vencido em 2005 e 2017. Além do novo troféu, o autor também se tornou o primeiro indígena a integrar a Academia Paulista de Letras, reforçando sua contribuição para a valorização da diversidade cultural e linguística do país.
André Kondo: emoção e profundidade no universo juvenil
A outra vitória regional veio com o escritor e editor André Kondo, de Taubaté (SP), vencedor na categoria Livro Juvenil com a obra “O Silêncio de Kazuki” (Telucazu Edições), ilustrada por Alessandro Fonseca.
O livro aborda a relação entre pai e filho diante de uma doença grave, explorando temas como memória, reconciliação e afetividade. Kondo, de 50 anos, trocou a carreira corporativa pela literatura e construiu um percurso sólido, com 19 livros publicados e mais de 300 prêmios literários.
Esta foi sua segunda indicação ao Jabuti — a primeira, em 2015, terminou sem prêmio. Desta vez, a consagração veio como símbolo de uma trajetória dedicada à escrita sensível e à construção de narrativas que dialogam com diferentes gerações.
Outros representantes do Vale entre os finalistas
A noite também contou com outros nomes do Vale do Paraíba entre os finalistas. O escritor e professor Tiago Feijó, de 42 anos, concorreu na categoria Contos com o livro “Breve inventário de pequenas solidões” (Editora Penalux). O prêmio, contudo, ficou com “Dores em salva”, de Elimário Cardozo (Editora Patuá).
Já o fotógrafo e documentarista Ricardo Martins, natural de São José dos Campos e morador de Ubatuba, foi finalista na categoria Artes com o livro “Os últimos filhos da floresta” (Editora Nômades), que retrata o cotidiano e os desafios do povo Yanomami. O vencedor da categoria foi “Thomaz Farkas, todomundo”, publicado pelo Instituto Moreira Salles.
Reconhecimento ao talento regional
As vitórias de Daniel Munduruku e André Kondo reafirmam a força cultural e literária do Vale do Paraíba, região que segue revelando autores, artistas e obras de relevância nacional.
Em uma edição marcada pela pluralidade e qualidade das produções, os dois escritores mostraram que grandes histórias — enraizadas na memória, na identidade e na diversidade — também nascem e florescem no Vale.
Fotos: Arquivo pessoal




