Segundo o relatório “Pele Alvo”, desmonte do programa Olho Vivo, que deixou de gravar continuamente, é apontado como fator por trás do aumento de mortes durante operações policiais, especialmente nas ações da Baixada Santista.
Por Redação | Porta A Gazeta RM
São Paulo registrou um aumento de 59,2% nas mortes por intervenção policial entre 2023 e 2024, segundo a sexta edição do relatório Pele Alvo: Crônicas de Dor e Luta, da Rede de Observatórios da Segurança.
Conforme a Rede, o salto nas mortes está diretamente associado ao enfraquecimento do programa Olho Vivo, responsável por equipar policiais com câmeras corporais. Antes, esses dispositivos gravavam de modo contínuo, mas passaram a depender de acionamento manual pelos agentes — uma mudança que, segundo pesquisadoras da Rede, abriu espaço para condução mais violenta nas operações.
Sob a gestão do governador Tarcísio de Freitas, iniciada em 2023, o estado também viveu um processo de militarização na sua Secretaria de Segurança, o que, segundo a Rede de Observatórios, contribuiu para a instabilidade policial.
Perfil das vítimas
– Em São Paulo, 66% a 66,3% das vítimas eram pessoas negras.
– Dados raciais reforçam, mais uma vez, o padrão apontado pela Rede: violência policial com forte componente racial.
– Também há destaque para jovens: segundo a Rede, parte expressiva das vítimas está na faixa etária de 12 a 29 anos.
Onde mais ocorrem as mortes
O relatório traz ainda dados sobre municípios com alta incidência de mortes por ação policial:
– São Paulo (capital e estado): responde por 31,9% das mortes registradas no estado.
– Santos: concentra cerca de 5% dos casos.
– São Vicente: representa 4,6% das mortes segundo o levantamento.
Operações letais na Baixada Santista
– Duas operações policiais têm papel central no aumento das mortes:
– A Operação Escudo, em 2023, deixou 28 mortos.
– A Operação Verão, entre 2023 e 2024, resultou em 56 mortos.
– Soma das duas: 84 mortes segundo a Rede.
Essas operações ocorreram depois da morte de um policial da ROTA, em julho de 2023, e têm gerado críticas sobre sua letalidade.
Pesquisadoras da Rede de Observatórios afirmam que a combinação entre desmonte do sistema de monitoramento por câmeras corporais e a mudança na gestão da segurança pública pode ter favorecido práticas mais agressivas por parte dos agentes.
O relatório reforça o alerta de que a segurança pública, nas formas como está sendo conduzida, expõe riscos elevados de vida, especialmente para a população negra e jovem.
Foto: Divulgação




