Por Redação | Porta A Gazeta RM
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (10) a Operação Alícia, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa acusada de aliciar mulheres no Brasil e levá-las à Europa — especialmente à Espanha — para exploração sexual. A ação atinge várias cidades brasileiras, inclusive Ubatuba (SP), considerada um dos focos da operação.
De acordo com a PF, a quadrilha organizava o transporte aéreo das vítimas, prometendo trabalho e ganhos altos. Quando as mulheres chegavam ao exterior, eram submetidas a ameaças, restrições de liberdade e condições degradantes para exploração sexual.
A Operação Alícia cumpriu oito mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão, todos expedidos pela 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
As ordens foram cumpridas em cidades paulistas como Ubatuba, São Paulo, São Pedro e Jundiaí, além de uma ação no município de Rio das Ostras (RJ).
Com apoio da Interpol e da polícia espanhola, outras duas prisões foram realizadas na cidade de Álava, na Espanha.
A PF estima que o grupo tenha obtido cerca de R$ 40 milhões com o esquema, valor que já foi bloqueado judicialmente.
A Operação Alícia não é o primeiro esforço recente da PF no combate ao tráfico internacional de pessoas. Em 2025, outras operações — como a Operação Hera e a Operação Promessa Ilusória — já haviam mirado redes criminosas que aliciavam mulheres brasileiras para exploração sexual no exterior.
Em muitos desses casos, as vítimas eram atraídas com falsas ofertas de emprego ou promessa de boas condições de vida. Ao chegarem ao exterior, relataram retenção de documentos, controle financeiro, jornadas exaustivas, ameaças, e violência — elementos que caracterizam o crime de tráfico de pessoas com finalidade de exploração sexual.
Especialistas e autoridades apontam que esse tipo de crime costuma operar em redes transnacionais sofisticadas, com recrutadores no Brasil e apoiadores no exterior — tornando a cooperação internacional essencial para desmantelar os esquemas.
As autoridades devem aprofundar a coleta de provas e ouvir as pessoas presas, para mapear toda a estrutura da quadrilha — desde quem aliciava as vítimas até quem gerenciava o esquema no exterior.
Também será necessário acompanhar o destino das mulheres envolvidas — verificar quantas ainda permanecem no exterior, quantas conseguiram sair da situação de exploração, e garantir apoio às vítimas.
A Justiça pode converter prisões e medidas cautelares em processos criminais por crimes de tráfico de pessoas, exploração sexual e associação criminosa.
A cooperação entre a PF, a polícia espanhola e organismos internacionais como a Interpol continuará sendo essencial para desmantelar redes semelhantes que atuam em vários países.
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