Produtora de Bananal, Mônica Alvarenga é convidada para disputar e julgar concurso de queijos na França, dando projeção à Serra da Bocaina como referência mundial segmento queijeiro
Por Ricardo Nogueira
Bananal ganhará destaque internacional no próximo mês com a participação da produtora Mônica Alvarenga no Concours Mondial du Fromage et des Produits Laitiers de Tours, um dos mais prestigiados concursos de queijos do mundo, realizado em setembro no Vale do Loire, na França.
Mônica, que vive há 10 anos na Serra da Bocaina, produz queijos de cabra há quatro anos no sítio onde mantém sua queijaria, o Condado dos Guapuruvus. São três criações autorais: Paixão Absoluta, Neve da Montanha e Chèvre do Condado. O destaque é o Paixão Absoluta, queijo láctico de textura suave, maturado com notas de cogumelo shiitake cultivado em sua propriedade, que já lhe rendeu elogios internacionais. Em 2024, durante avaliação presencial na França, o mestre queijeiro Laurent Mons, diretor da Mons Fondation, chegou a afirmar que se tratava de “um queijo mais francês que os franceses atualmente”.
Naturalmente ligada ao teatro, onde atuou por 40 anos, Mônica descobriu nos queijos uma nova paixão. O aprendizado começou de forma autodidata e se aprofundou com cursos online durante a pandemia. Associada à SerTãoBras, entidade que reúne queijistas brasileiros, ela investiu em experimentação, adquiriu novas cabras da raça Saanen e aperfeiçoou técnicas de cura.
O reconhecimento internacional levou ao convite para o mundial, mas também para integrar a missão brasileira de queijistas, que viajará em setembro à França. Antes do concurso, ela participará de um curso intensivo de análise sensorial e terá a honra de atuar como jurada em uma das categorias do evento.
Segundo Mônica, o terroir da Serra da Bocaina é um diferencial para sua produção:
“O terroir de um queijo é tudo aquilo que o lugar empresta para ele: o clima, a altitude, a vegetação, a forma de criar os animais e até a tradição do produtor. O Paixão Absoluta é, literalmente, uma fotografia comestível da Serra da Bocaina, em meio à Mata Atlântica.”
Produzido a 700 metros de altitude, em área de clima úmido e fresco, o queijo se beneficia da amplitude térmica, da ocorrência de neblinas e do pastoreio livre das cabras, condições que favorecem a formação de casca florida e aromas únicos.
Antes de embarcar para a França, Mônica também participará como jurada no primeiro concurso de queijos do Sudeste brasileiro, que acontece no fim de agosto em Cunha (SP).
A trajetória da produtora reforça o potencial da Bocaina como polo queijeiro. “Esse ambiente natural, aliado ao saber dos produtores, tem potencial para se consolidar como um território queijeiro único no Brasil. Os queijistas de Bananal podem e devem aprender a curar seus queijos, agregando valor e diversidade aos próprios produtos”, afirma.
Além do reconhecimento internacional, Mônica Alvarenga mantém uma trajetória marcada pela diversidade de talentos. Recentemente lançou o livro “Não Conte para as Formigas” e, anos atrás, foi a responsável pelo paisagismo do jardim da Praça Pedro Ramos, no centro histórico de Bananal.
Também esteve entre as primeiras convidadas do programa Papo na Praça, em uma entrevista concedida no final do período da pandemia. Assista abaixo para conhecer melhor as múltiplas facetas profissionais de Mônica Alvarenga.

Fotos: Arquivo Pessoal