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Polícia Civil liberta advogada de cativeiro em Barra do Piraí, RJ

Namorado a impedia de ir trabalhar, para que agressões físicas não fossem notadas.

Policiais civis da 88ª DP resgataram na manhã de ontem, 08, uma advogada de 37 anos que estava sendo mantida em cárcere pelo próprio namorado em uma residência localizada no Centro da cidade.

A intervenção ocorreu após denúncias de vizinhos, que relataram ter ouvido os gritos de socorro da vítima; o casal estava junto há apenas três meses.

De acordo com o delegado titular da 88ª DP, Antonio Furtado, que supervisou a ação, a advogada foi encontrada com múltiplos ferimentos, hematomas e cortes de faca nas mãos, enquanto o interior da casa estava completamente revirado.

Durante a abordagem, a vítima chegou a dialogar com o namorado de 29 anos dizendo: “eu não chamei a polícia”, expressando receio de sofrer novas agressões. Em seu depoimento, ela revelou ter sido mantida trancada dentro da casa por semanas, só podendo sair quando ele permitia e a acompanhava.

O agressor, segundo depoimentos colhidos, era usuário de cocaína e já havia tido envolvimento com o tráfico de drogas. Furtado destacou que o jovem exercia controle absoluto sobre a vida da advogada, inclusive determinando quais medicamentos ela poderia tomar, quais alimentos poderia consumir e com quem poderia se comunicar.

A vítima relatou que, em um dos episódios de abstinência, o agressor vendeu seu botijão de gás por não ter dinheiro para comprar drogas. O delegado esclareceu que ela foi submetida a constantes espancamentos, ameaças de morte e o jovem chegou a afirmar que “picaria” a filha dela, fruto de outro relacionamento, caso fosse denunciado. Os ataques incluíam socos, chutes e esganaduras. A advogada também era proibida de buscar tratamento médico ou de ir trabalhar, a fim de evitar que as agressões fossem notadas.

Após o resgate, ambos foram conduzidos à 88ª DP e a vítima foi encaminhada para exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal) em Volta Redonda. A prisão em flagrante do agressor foi determinada pela delegada assistente da unidade, Bianca Pellegrino.

O jovem responderá pelos crimes de cárcere privado qualificado, maus-tratos, ameaça e lesão corporal com violência doméstica. Se condenado, pode enfrentar uma pena de até 12 anos e seis meses de prisão.

Em relação ao caso, o delegado Furtado destacou a gravidade da situação, afirmando que a advogada não foi libertada de um simples cativeiro, mas sim de um verdadeiro inferno. Ele aproveitou para comentar sobre a operação “NÃO É NÃO”, realizada também ontem, dia 08, em conjunto por órgãos de segurança de Barra do Piraí.

-A iniciativa teve como objetivo conscientizar a população e prevenir crimes contra mulheres durante o Carnaval e ao longo do ano. Mais uma vez mostramos que lugar de quem gosta de bater em mulher é na cadeia. As leis existem para isso e nós não vamos hesitar em colocá-las em prática para garantir direitos – concluiu.

Foto: Divulgação