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Pai é condenado a mais de 25 anos de prisão por matar filha e enterrar corpo dentro de casa em Jacareí

Foto: Bruna Capasciutti

Sidnei Martins dos Santos foi condenado a mais de 25 anos de prisão em regime fechado por matar e enterrar a própria filha dentro de casa, em Jacareí (SP). A condenação foi feita após o júri popular realizado nesta quarta-feira (20) na cidade. O caso teve grande repercussão em 2022.

Sidnei foi condenado por homicídio duplamente qualificado – por motivo fútil, com emprego de meio cruel, mediante recurso que dificulte ou torne impossível defesa da vítima e com violência doméstica contra mulher – e também por ocultação do cadáver.

De acordo com a acusação do Ministério Público, Geovana da Costa Martins foi morta pelo pai, por asfixia mecânica.

Depois do assassinato, ele deixou o corpo da menina na cama para evitar chamar a atenção da vizinhança com barulhos durante a noite. No dia seguinte, enterrou a menina no quarto do filho.

Foto: Rauston Naves

O júri considerou o pai culpado pelo crime, condenando ele a 25 anos e nove meses de prisão em regime fechado. Com a decisão, por volta das 23h Sidnei foi levado de volta para o Centro de Detenção Provisória de Guarulhos (SP), onde já estava preso. Ele deve ser transferido para outro presídio em breve.

O júri popular é adotado em crimes contra a vida, como homicídio e latrocínio, por exemplo. Sete cidadãos comuns – sendo quatro homens e três mulheres – foram escolhidos por sorteio entre 25 pessoas para formar o conselho de sentença, para decidir se o réu era culpado ou inocente.

O julgamento contou com o depoimento de testemunhas de defesa e acusação. Sidnei optou por ficar em silêncio durante o julgamento – veja abaixo como foi o júri.

Ao o advogado de defesa de Sidnei, William de Souza, afirmou que vai recorrer da decisão.

Foto: Rauston Naves

Veja como foi o júri

O julgamento teve início por volta das 10h30 desta quarta-feira (20), com a chegada de Sidnei ao Fórum de Jacareí. Ao todo, cerca de 80 pessoas acompanharam o júri, entre elas estavam familiares, amigos de Geovana e estudantes de direito. Parte do público vestia camisetas com a foto da adolescente assassinada.

Por volta das 11h, houve a escolha dos jurados para compor o júri, sendo selecionados quatro homens e três mulheres.

Foto: Bruna Capasciutti

Na parte da manhã, prestaram depoimento testemunhas de acusação, como o chefe dos investigadores da Polícia Civil, um investigador de polícia e o delegado titular da Delegacia de Investigações Gerais de Jacareí – que comandou a investigação do caso.

Outra testemunha foi Gabriel, irmão de Geovana, que em 2022 chegou a ser preso, mas depois foi liberado, pois a investigação apontou que ele não teve participação no crime.

A audiência foi suspensa por volta das 14h30, para o recesso de almoço.

Ana Lúcia, mãe de Giovana, prestou depoimento. — Foto: Rauston Naves

No retorno da audiência, Ana Lúcia, mãe de Giovana, prestou depoimento. Ela estava trabalhando no momento em que a filha foi morta pelo ex-companheiro e, assim como o filho Gabriel, não teve envolvimento no crime, de acordo com a polícia.

Durante o depoimento, Ana Lúcia disse que já havia sofrido violência doméstica cometidas por Sidnei, mas que não chegou a registrar o fato na polícia.

A mãe da adolescente se emocionou ao contar como o corpo da filha foi encontrado pela polícia e relembrou como era o comportamento de Sidnei após o crime.

“Eu perdi o rumo, pedi à Nossa Senhora Aparecida para encontrar minha filha. Ele (Sidnei) comia, bebia e dormia tranquilamente (após o crime)”, disse Ana Lúcia, mãe de Giovana.

Foto: Rauston Naves

Durante o depoimento de Ana Lúcia, Sidnei ficou com a cabeça abaixada. Foi aberto um momento para que Sidnei falasse na audiência, mas ele preferiu ficar em silêncio durante o julgamento.

No final da noite, a promotoria pediu réplica para argumentar sobre o caso. Na sequência, a defesa de Sidnei também pediu tréplica para continuar argumentando sobre o ocorrido para os jurados.

Depois dessa fase, os jurados foram até a sala secreta e responderam a quesitos estabelecidos pelo juiz. No fim, o magistrado formulou e leu a decisão do júri por volta das 23h, condenando o réu a mais de 25 anos de prisão.

Foto: Reprodução

Relembre o caso

O crime aconteceu em maio de 2022. Sidnei Martins foi preso e denunciado pelo assassinato e ocultação do corpo da filha de Geovana da Costa Martins, de 13 anos.

A adolescente ficou cerca de 20 dias desaparecida e a família mobilizou buscas por ela. A família chegou a dar entrevista à Rede Vanguarda sobre o caso. Na reportagem, o pai contou que estava com ela em casa, quando a adolescente saiu e não foi mais vista.

Durante as investigações, a polícia descartou duas hipóteses: a de que ela poderia estar perdida em uma área de mata, já que participava de um grupo de escoteiros; e a de que ela poderia ter se envolvido com algo ilícito antes do sumiço.

Ao fazer buscas no bairro, a polícia encontrou partes de concreto e piso em um terreno baldio e, ao entrarem na casa da vítima, perceberam que os materiais eram similares. Depois da suspeita, fizeram a busca e encontraram o corpo da jovem em um saco enterrado no quarto do irmão.

Foto: Arquivo pessoal

Além de Sidnei, o irmão da vítima chegou a ser preso, mas foi liberado após a investigação. Apenas Sidnei foi denunciado pelo crime. O jovem de 20 anos alegou que chegou em casa no dia em que a família havia relatado o sumiço e o pai fazia uma obra em seu quarto.

No dia 11 de junho de 2022, o pai da jovem passou por audiência de custódia e sua prisão foi convertida em preventiva. Em 15 de julho do mesmo ano, o Ministério Público o denunciou pela morte da adolescente e pediu o arquivamento da acusação contra o irmão de Geovana.

 Foto: Divulgação/ Polícia Civil
Foto: Reprodução

Por g1