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Proprietário de loja de Volta Redonda que deu calote em consumidores da região é descoberto em igreja de MG

Por Folha do Aço

Quatro anos após a revelação do esquema fraudulento da loja Elgui Store, novas informações surpreendem os consumidores e acendem uma luz de esperança aos lesados por ele. Luiz Guilherme, o proprietário da empresa, que havia desaparecido da região após o escândalo, foi descoberto vivendo em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte.

A descoberta ocorreu quando um dos consumidores enganados reconheceu Guilherme em fotos e vídeos publicados pela igreja evangélica que ele frequenta, onde inclusive faz parte do ministério de louvor, segundo informações divulgadas nas redes sociais.

O advogado Diego Villela Barbosa, representante de cerca de dez consumidores afetados pelo golpe, revelou em novo depoimento exclusivo para a Folha do Aço que uma Ação Civil Pública (ACP) movida pelo Ministério Público enfrenta dificuldades devido ao grande número de solicitações de habilitação. O processo já conta com mais de 10 mil páginas, refletindo a magnitude do caso.

Barbosa destacou outra complexidade no trâmite, referindo-se à dificuldade de encontrar patrimônio dos responsáveis pela Elgui Store, que, segundo ele, levavam uma vida de ostentação e possivelmente transferiram seus ativos para contas pessoais de “laranjas”.

“O fato de ele ter aparecido talvez seja bom para poder ser intimado pela Justiça Criminal, já que ele também responde criminalmente. Da parte cível, se não encontrar patrimônio, fica o famoso ‘ganhou, mas não levou’. Esse caso é, de longe, um dos mais complexos e engenhosos que já peguei, principalmente por não sabermos o número exato de vítimas”, acrescentou o advogado.

Vítimas

A descoberta de que Guilherme estaria operando uma loja em Ribeirão das Neves, vendendo os mesmos produtos que causaram prejuízo aos consumidores, aumenta a indignação das vítimas. A aproximadamente seis horas de Volta Redonda, onde a fraude teve grande repercussão, a localização de Guilherme revigora a esperança de que ele possa ser intimado e que o processo avance.

Sem querer se identificar, um ex-cliente da Elgui, que teve um prejuízo de R$ 5 mil com a loja, diz acreditar que a justiça será feita. “A busca por justiça continua para as vítimas da Elgui Store, que lutam para recuperar seus prejuízos e ver os responsáveis pelo golpe devidamente punidos pela lei. O caso serve como alerta para a importância da cautela ao realizar compras, especialmente em empresas sem histórico ou referências confiáveis”, disse o rapaz.

Relembre o caso

Em 2021, a Folha do Aço noticiou o esquema da Elgui Store, que atraía consumidores oferecendo produtos eletrônicos – como aparelhos de celular, videogames e relógios digitais – a preços abaixo do mercado, mas não entregava os itens nem devolvia o dinheiro.

O golpe funcionou por muito tempo da seguinte forma: pelas redes sociais, como o Instagram, onde a loja tinha milhares de seguidores, eram anunciados itens com alta procura e preço abaixo do mercado. O cliente procurava a loja (física ou digital), efetuava o pagamento (geralmente à vista) e recebia um prazo para a entrega. A mercadoria, segundo a empresa, era trazida por encomenda direto do exterior.

O advogado Diego Barbosa estimou na época um prejuízo superior a R$ 6 milhões para os consumidores lesados. A situação levou à abertura de diversas ações judiciais nas justiças de Volta Redonda, Barra Mansa e na Região dos Lagos cobrando o prejuízo causado pela empresa, mas a dificuldade de citação dos responsáveis complicou o processo.

“Muitas pessoas optaram por ações individuais, mas a dificuldade de citação é muito grande, porque existem muitos boatos. Fizeram muitos grupos de WhatsApp, Telegram e outras redes sociais para passar informações, onde eles mesmos [sócios da empresa] infiltraram pessoas para desinformar e desestimular as pessoas a cobrar judicialmente”, comentou o advogado na época.

“Como o volume foi muito grande, e o Sul do Estado e a Região dos Lagos têm sofrido uma epidemia desses golpes financeiros, o Ministério Público ajuizou uma ação civil pública, dada a circunstância, pois não foi o abalo de uma empresa que não suportou a demanda, as características são de uma organização criminosa voltada para o cometimento de crime contra a economia popular”, completou.