Por Redação | Portal A Gazeta RM
A morte de Kelsy Santos, de 37 anos, no último dia 10 de maio, após atendimento na Unidade Mista de Saúde de Bananal, desencadeou uma onda de indignação na cidade e colocou a gestão do prefeito William Landim da Silva no centro de uma crise de credibilidade. A versão oficial apresentada pelo prefeito em vídeo, onde tenta provar que os equipamentos da unidade de saúde estavam em perfeito estado, foi duramente contestada pela mãe da vítima, Vicentina Rosa dos Santos.
Nas redes sociais, Rosa tem feito desabafos frequentes. Em um deles, postado diretamente na publicação do prefeito, ela acusa a administração de “maquiar” a sala de emergência para enganar a população. “Senhor prefeito, eu como mãe da vítima jamais iria mentir sobre o descaso ocorrido com minha filha”, escreveu.
Segundo Rosa, no momento do atendimento, a sala estava suja, os equipamentos desorganizados e o carrinho de emergência não continham os medicamentos necessários. “Se você está falando que tinha medicação no carrinho, por que não foi utilizado no caso da minha filha?”, questionou. Ela também afirmou que a equipe de enfermagem precisou procurar peças no chão para conectar os equipamentos, e que há testemunhas que podem confirmar as condições precárias do local.
O vídeo divulgado pelo prefeito teve o efeito oposto ao pretendido. Nos comentários as pessoas demonstrou incredulidade e revolta, interpretando a gravação como uma tentativa de desacreditar a dor da família. O conteúdo foi amplamente compartilhado por aliados do prefeito, incluindo secretários, servidores comissionados e vereadores.
Em grupos de WhatsApp, circula a gravação de Rosa reagindo ao vídeo, em prantos e visivelmente abalada, acusando o prefeito de mentir. A comoção popular levou amigos de Kelsy a organizarem uma passeata em protesto. Rosa, embora grata pelo apoio, afirmou que não participará, pedindo que a manifestação seja pacífica e respeitosa à memória da filha.
A família entregou à Promotoria de Justiça da Comarca de Bananal documentos do prontuário médico de Kelsy e pede uma investigação rigorosa. Eles desconfiam da imparcialidade de qualquer apuração feita pela própria prefeitura ou por vereadores alinhados à gestão. O prefeito anunciou o afastamento do secretário de Saúde e do médico que atendeu Kelsy, além de ter transferido temporariamente seu gabinete para a unidade de saúde — atitude que a família enxerga como tentativa de controlar informações e blindar aliados.
Para pessoas próximas à família, a credibilidade da gestão municipal está em xeque. A possível adulteração da sala de emergência levanta suspeitas mais graves: “Se for verdade que já começaram adulterando a sala de emergência, o que dizer de documentos?”, questiona um amigo da família.
A morte de Kelsy, que deixou três filhos, incluindo uma menina de apenas dois anos, se tornou símbolo do clamor popular por justiça e por uma saúde pública digna. A cidade de Bananal segue em luto — e atenta aos desdobramentos de um caso que pode ter implicações políticas e legais profundas.

Foto: Reprodução | Gazeta de Bananal