Vale do Paraíba

Câmara de São Bento do Sapucaí reprova projeto que revogava homenagem a líder de movimento fascista

Vereadores de São Bento do Sapucaí durante sessão extraordinária — Foto: Reprodução/Câmara de São Bento do Sapucaí

A Câmara Municipal de São Bento do Sapucaí, no interior de SP, reprovou, na tarde desta quarta-feira (1º), um projeto de lei que buscava revogar a homenagem aprovada pelos próprios vereadores a Plínio Salgado — fundador do Integralismo, movimento de vertente fascista.

O projeto apresentado pelo vereador Paulo Renato Barros (PP) buscava revogar a homenagem aprovada pelos parlamentares em junho deste ano. A homenagem consiste no nome de Plínio Salgado no portal de entrada de São Bento do Sapucaí.

A proposta do vereador Paulo Renato era a de colocar, ao invés do nome de Plínio, o nome “Portal de Boas-Vindas da Estância Climática de São Bento do Sapucaí”. O texto, no entanto, foi reprovado por não ter quórum suficiente.

Na votação desta quarta, o projeto de revogação teve cinco votos a favor e quatro votos contrários (veja como votou cada vereador abaixo). No entanto, para a aprovação de um projeto de lei que retira homenagem ou que homenageia qualquer pessoa, são necessários seis votos para aprovação, que é a chamada ‘maioria qualificada’, representada por dois terços da Câmara.

Veja como votou cada vereador nesta quarta-feira (1º):

  • Altino do Torto (PV) – a favor da revogação
  • Beto Mendes (PSDB) – contra a revogação
  • Janilo (PP) – a favor da revogação
  • Paulinho Peixoto (PP) – a favor da revogação
  • Paulo Renato Barros (PP) – a favor da revogação
  • Pré Rosa (PSDB) – contra a revogação
  • Rogério do Barracão (PV) – contra a revogação
  • Thaynara Protetora (União) – a favor da revogação
  • Timbé (PSD) – contra a revogação

Como foi a sessão

Incluído na ordem do dia da última sessão, o projeto de lei do Legislativo teve bastante participação popular. Segundo a Câmara Municipal, cerca de 50 pessoas se inscreveram para fazer uso da Tribuna Livre.

A sessão começou na segunda-feira (30), mas foi interrompida após uma discussão na tribuna, enquanto um dos oradores discursava. Após o bate-boca, a sessão foi encerrada e, mesmo após o encerramento, os munícipes continuaram a discussão. Um dos oradores que defendia a homenagem a Plínio Salgado precisou ser retirado do plenário pela Polícia Militar.

Com a suspensão da sessão ordinária, uma sessão extraordinária foi convocada para esta quarta-feira para votação do projeto.

Na sessão que aprovou a homenagem a Plínio, em junho deste ano, votaram a favor os vereadores Timbé (PSD), Altino do Torto (PV), Janilo (PP), Pré Rosa (PSDB), Beto Mendes (PSDB), Rogério do Barracão (PV) e Thaynara Protetora (União). O vereador Paulinho Peixoto (PP) se absteve e o único voto contrário foi do vereador Renato Barros (PP), que alegou, à época, que a homenagem deveria ser feita em outro ponto da cidade ao invés do portal.

Plínio Salgado foi fundador do movimento integralista. — Foto: Reprodução

Plínio e o Integralismo

O Integralismo surgiu no Brasil na década de 30 do século passado, originando a fundação do movimento de extrema-direita, denominado Ação Integralista Brasileira (AIB). Muitos dos ideais do partido tinham influência de práticas fascistas desenvolvidas na Europa, especialmente o fascismo italiano.

Plínio Salgado, que nasceu em São Bento do Sapucaí em 1895, foi o líder desse movimento. Com o lema “Deus, Pátria e Família”, o político apoiou a Ditadura Militar e foi eleito por duas vezes como deputado federal.

Por g1